domingo, 22 de agosto de 2010

Barreiras, barões e esbarrões

Olá.
Duas notícias do início do mês, as duas do site G1.


09/08/2010
"Adolescente é morto após discutir com homem dentro de ônibus no Rio
Ao entrar no ônibus, o adolescente esbarrou em uma mulher que estava com um bebê. Ela reclamou e um passageiro que viu a cena começou a xingar Michael. Os dois discutiram por alguns minutos
."


10/08/2010
"Motorista mata homem e fere filho da vítima após batida no trânsito
Para desviar de um buraco, Airton Fernandes dos Santos entrou na pista contrária e esbarrou no retrovisor de outro motorista, que passou a perseguir a família, disparando vários tiros
."

No primeiro caso, Michel tinha conseguido o primeiro emprego, emprego de distribuidor de panfletos, tinha 16 anos, estava correndo pra entrar no ônibus junto com a namorada. Isso aconteceu no dia dos pais. Na entrada do ônibus houve o esbarrão.

No segundo, Airton estava com a esposa e os filhos no carro, quando, em uma estrada de terra, foi desviar de um buraco. Airton era um pai todos os dias. Desviando do buraco houve o esbarrão.

Oi amigos leitores, companheiros blogueiros. Mais uma vez fiquei um bom tempo sem escrever, mas a Tamiris não deixou o vento parar. Comentei com a Marina dia desses que queria escrever sobre uma dessas notícias. Acho que demorei a vir aqui escrever porque... bom, porque é tão impressionante, tão surreal, que.. não sei, as palavras somem. Bem, permitam-me recomeçar o texto...


Olá.
Duas coisas aconteceram perto de mim no início do mês.

09/08/2010
Vocês não vão acreditar, mas eu estava entrando no ônibus, devia ser por volta de meio dia, e estava lendo uma revista. Eu lá, subindo a escada do ônibus, prestando atenção na revista, sem querer esbarrei numa pessoa que estava na minha frente e vi que ela estava com a mesma revista que eu.. coincidência. Rapidamente me desculpei, a pessoa olhou a revista, ainda brincou dizendo "você tem bom gosto". Achei interessante esbarrar justamente numa pessoa que tem o mesmo gosto de leitura...

10/08/2010
Estava com meu pai, minha mãe e meus irmãos dentro do carro, quase chegando em casa, quando, na curva para virar e entrar pelo portão, um rapaz de bicicleta vinha entregando panfletos e esbarrou no retrovisor do carro. Ele pediu desculpas e logo seguiu seu caminho. Ainda colocou um panfleto pra dentro do carro. Parece que o folheto fazia propaganda de algum político que, entre outras coisas, queria arrumar todas as ruas, acabar com buracos.

Oi amigos leitores, companheiros blogueiros. Mais uma vez fiquei um bom tempo sem escrever, mas... mas...

Desculpem, esbarrei agora em um dilema ético. Não consigo fingir que tudo é perfeito e verdade. Eu não entrei em ônibus algum no dia 9 nem esbarraram no carro do meu pai no dia 10. Eu inventei. Queria ter inventando as primeiras notícias, mas não, elas são verdadeiras... o que parece piada, é verdade. E o que parece verdade, é piada, mentira.

Esbarrar é uma palavra que sempre traz junto dela um pedido de desculpas. Esbarrar traz junto dela uma falta de intenção. Pode ser que não exista um pedido de desculpa, mas ele existe ali escondido. Quantas vezes não esbarramos em pessoas na rua? Sinceramente, eu não gosto muito que esbarrem em mim, cotoveladas, etc... tem tanta calçada pra andar, por que logo pra cima de mim? Tente desviar.. Mas ok, não é o maior dos problemas. Existem milhares de pessoas andando ao mesmo tempo que eu, claro que uma hora alguém tem que esbarrar em alguém. Sinceramente, parte dois, isso é motivo para matar? 'Motivo para matar' parece que é nome de filme... talvez nem nesses filmes matem por esbarrar em retrovisores. Se esbarrões matassem, eu seria um assassino em série e já teria morrido várias vezes.

As notícias ficam mais absurdas a cada dia que passa. Bom, não é de estranhar, já que as pessoas ficam mais absurdas a cada dia que passa.

Uma das vítimas era um pai. Todos os dias, pai de cinco filhos. A outra vítima era um filho, morreu no dia dos pais e seu pai, nas entrevistas, inconsolável e buscando por justiça. Filhos sem pai e um pai sem filho. Tudo por esbarrões que aconteceram.

Fico imaginando... o vilão do ônibus nunca esbarrou em ninguém? Até mesmo um olhar que tenha se esbarrado a outro olhar e o coração bateu forte.. coração? Bom, acho que não, coração não funciona bem nesse caso, é visível... e o outro, do esbarrão no retrovisor... tirando a carteira de motorista, será que não esbarrou em nenhum cone? Sinto que se continuar escrevendo vou me perder, posso acabar esbarrando em temas que não caberão aqui...

Cuidado ao esbarrar em alguém, os seres humanos do futuro trarão essa inscrição no manual de intruções.


Amigos leitores, até a próxima.
Bons ventos.

E se quiserem um espaço para respirar, longe da multidão, venham até a varanda. E, na fila, podem se esbarrar, aqui é permitido.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Estações da vida!

Há quem compare a vida com uma estação de trem. Sempre que leio sobre isso me surpreendo porque de fato podemos comparar sem equívocos.
Pessoas, lugares, momentos, tudo passa pela gente diariamente. Rápido! Muito rápido.

Há quem marque, há quem passe, há quem ainda passará. Eu espero muito por essas pessoas que ainda passarão, tenho muita curiosidade pra saber o que de fato o futuro me reserva.
Quantos rostos eu verei ainda, quantas pessoas irão me aconselhar, quantos irão brigar e me amar. Não vivo esperando o futuro, mas a curiosidade é grande.

O tempo voa! Os trens não são mais a vapor, são a bala =O. Ontem foi a final da Copa do Brasil, hoje da Libertadores, eu não vi jogo nenhum, pra mim era o inicio da competição, já é a final. Quando foi que desliguei a TV? Porque perdi todo o campeonato? NÃO SEI, pode ser louco, mas eu simplesmente não sei.

Ontem o assunto era o fracasso do Brasil na Copa, hoje a seleção é idolatrada aos comandos de Mano Menezes porque o hexa virá, em 2014.
Eleições em Novembro parecia ontem que o Cabral estava tomando posse. Me lembrei do Lula chorando quando ganhou a eleição de 2002 e depois a de 2006.
Eu parei no tempo ou ele que anda rapidinho demais? A resposta mais uma vez é: NÃO SEI!

As pessoas chegam e vão, umas deixam e outras nos tiram algo. Se parece ou não com uma estação de trem? Fico imaginando o guarda volumes de uma estação de trem, de uma rodoviária... deve ter cada história. Cada coisa bacana e macabra ao mesmo tempo.
Na minha estação muita gente passou, muita gente ficou e muitos permanecerão. Nela perdi de vista pessoas importantíssimas, deixei outras tantas pegarem o trem e nunca mais vi. Despachei gente chata no trem das onze junto com os demônios da garoa, mas também me juntei com Caetano e criei um trem das cores, colorido, lindo.

Reflexões, reflexões... rs

E pra terminar, Cazuza:

"Vida louca, vida, vida breve. Já que não posso te levar, quero que você me leve..."

Bons Ventos!

(Tamiris_Santana)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Por Martha Medeiros

Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: "Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais.

Martha Medeiros!


*Não é plágio gente rs!
Eu amo a Martha, achei bacana dividir com vocês um texto como esse.

Boa semana pra todos, aproveitem cada linha desse texto, ela é um "monstro" escrevendo.