segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dois mil e dezcansado


Um velhinho, barrigudo, barbas longas e brancas, roupas vermelhas. Com ele vem um saco cheio de presentes, todos distribuídos em uma só noite. Nunca acreditei em Papai Noel.
Olá, tudo bem? Como estamos de espírito natalino, panetones e a típica bondade de dezembro? Retirem meu rosto dos anúncios de pessoas desaparecidas, eu voltei.


Mais um final de ano, e os cristãos esperam o nascimento de Jesus. Enquanto isso, todas as pessoas enlouquecem, correm, fazem reflexões, gastam muito dinheiro e, nessa época, fazem planos, perdoam, amam, esperam... Tudo o que não aconteceu em 350 dias no ano, tem os 15 últimos dias finais para que aconteçam.
Ouvi em um filme que vi pouco tempo atrás que 'a vida é falta de definição'. Esses dias finais do ano também são tempos sem definição. Não entendo de forma alguma o que nos acontece: quem reclama de falta de dinheiro, gasta mais que pode; quem não se ama, troca presentes; quem se ama, quer mostrar mais ainda que ama; quem nunca visitou a loja nova, é nessa época que visitará. Essa é a época que resolvem lembrar tudo que aconteceu e reclamar do que não aconteceu. Sonhar e fazer novos planos também acontece aqui.

Eu canso. Canso de ver gente correndo e agitada. Gente enlouquecida que distribui a loucura e chega até mim. Canso do sol, canso da gente, canso dos planos. E ainda assim sei que tudo continuará desse jeito, gostando eu ou não... sol, gente e planos.

Para o próximo ano, peço menos sol. Sol demais me irrita, me deixa tempos sem escrever no blog[rsrs],me faz suar demais. Raios amarelados e brilhantes, que esquentam, derretem e queimam. Sem sol, não há vida. Aprendi isso na biologia que estudei em algum momento. Pois bem, sol, fotossíntese, plantas respirando, nós respirando. Tudo ligado. Mas por favor, sol, não precisa exagerar. Tento aé gostar, mas canso

A gente, pessoas enlouquecidas, as vezes me enlouquecem. Sou extremamente paciente, sei disso, mas pessoas devem me canar em algum momento do ano. Que seja o final dele o momento então. Pessoas que me empurram pra subir no ônibus, normalmente senhoras mais cheinhas, carregadas de bolsas, fazem isso mais vezes. Gente que na calçada tenta, com um esbarrão, deslocar meu braço e levar ele consigo. Pessoas falando alto, toas juntas. Gente pedindo esmola, vendendo cartões, balas, flores de sabonete. Gente mandando, implorando, desejando. Gente diferente demais. Nós, pessoas, somos extremamentes diferentes, e isso é bom. Tento ao máximo entender razões e emoções em cada ato de cada um, mas canso.

No final do ano passado, planejei colocar aparelho nos dentes e tirar a carteira de habilitação. Demorei, mas coloquei o sorriso metálico e a carteira não está finalizada, falta bastante ainda, na verdade. Planejar é tão bom. Há a esperança de que tudo seja daquele jeito. E infelizmente muitas vezes nada sai do jeito esperado. Querer passar de série pode não acontecer para a pequena criança. Querer um namorado pode não acontecer para a jovem devota de Santo Antônio. O emprego pode não ser o melhor, o sonho não se realiza, o desejo é apenas vontade. Quem nunca esperou pela praia e choveu? Ou esperou apenas pra sair de mãos dadas e seu par não pode ir? Planejar, eu planejo. Esperar, eu espero. Acontecer tudo do jeito que queremos? Aí não... por isso, algumas vezes, eu canso.

Se o momento é de alegria e pensamentos positivos, pegue o sol dentro de você, irradie a energia. Não precisa queimar ninguém com ela, há espaço de brilhos solares para todos nós. Sol em demasia fará mal à ti também. Pegue seu sol e ilumine quem precisa. Quanto às pessoas, essa gente enlouquecida, talvez com esse pouquinho de raios solares fiquem mais calmam e eu consiga entender melhor. Pessoas somos nós, apenas precisamos de alguns raios de energia Às vezes pra tudo voltar ao "normal". Talvez seja esse o momento de busca por energia. Esse momento de fazer novos planos. E esperar que aconteçam do jeito que se quer.

Escrevo tudo isso e me parece ilusão. Cansar de tentar fazer acontecer. Verbos todos juntos. Bem, se não enxergar pensamentos positivos, sol, pessoas e planos de um jeito que agrade mais, acho que buscarei um velhinho, barrigudo, barbas longas e brancas, roupas vermelhas. Ele traz um saco cheio de presentes, todos distribuídos em uma só noite. Talvez tenha tudo isso que quero. Nunca acreditei em Papai Noel... mas quem sabe não passe pela minha varanda. Ficarei observando. Espere também.


Queridos leitores, obrigado pela companhia. Como esse provavelmente é o último post do ano, desejo bons ventos à todos em 2011.

Até a próxima.