quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Amigo bichOculto


Penúltimo dia do ano 2009 d. C. e eu aqui voltando a escrever. Aos que sentiram falta, desculpa. Aos quem não sentiram.. desculpa também. A amiga blogueira Marina acertou, estavamos enrolados com trabalhos de faculdade.. depois disso foi só preguiça mesmo..

Enfim, penúltimo dia de um ano maravilhoso para uns, não tão maravilhoso para outros. Percebi que esse final de ano foi diferente de todos os outros 18 da minha vida: não ouvi tanto a Simone cantando seu "então é natal", o que já pode ser considerado um progresso e quebra na tradição, um milagre natalino talvez... aguardemos agora pelo fim do especial do tal rei da música brasileira que em todos esses 18 finais de ano que já passei vem cantando "emoções" em todas as edições.

Minhas participações no humilde blog talvez devessem ganhar outro nome no próximo ano. Sair da varanda, embora o vento aqui seja muito agradável, e passar a ter algum nome relacionado aos ônibus, pois, pra variar, contarei algo que vi novamente dentro de um. Mas não, queridos leitores, isso não acontecerá. É uma das "promessas" de final de ano que nunca se cumprem, como regime que maria iniciará, como o manuel que vai parar de fumar, como a aninha que passará a estudar mais... são as promessas furadas, então, o vento continuará soprando lá dentro do ônibus e vindo aqui pra varanda. Da varanda não saio, da varanda nenhum ônibus me tira.

Vamos lá? Final de ano, dezembro.. o mês que todos se amam, todos se cumprimentam, beijos, abraços, desejos de dias melhores, trocas de presentes. São amigos ocultos, amigos incultos, amigos explícitos, inimigos ocultos, inimigos disfarçados como amigos... enfim, tudo faz com que dezembro traga sorrisos aos que tem muito e aos que tem pouco. Certo? Errado! A história que vi de dentro do ônibus aconteceu poucos dias atrás, portanto, nesse mês de amor. Duas mulheres aos gritos na calçada, o ônibus parado e eu assistindo pela janela. Os gritos continuaram e os tapas começaram. Assim foi também com os puxões de cabelo. Disso para uma jogar a outra no chão foi um segundo. Um rapaz foi separá-las e uma delas disse "não se mete, ela é minha irmã". Aparentemente a outra não estava sóbria. Três crianças estavam perto e uma deles, um menino, um pedaço de gente, do alto de seus talvez 9 anos solta a frase assim "tô cansado dessa merda!". O ônibus foi embora e o mundo continuou...

Gente, leitores, blogueiros, não vou dizer que sou a pessoa que mais pensa nos outros, que mais está pronta pra ajudar e sofrer pelo semelhante, sei que não sou... mas isso me chamou atenção. Será que aquele "pedaço de gente" não é mais gente que as duas grandes? Penso que sim... E ao mesmo tempo, se as grandes ficarem fizendo isso perto do menor, o que será a vida dele quando maior? Aquele é o exemplo de amor, de clima natalino? Não seria capaz de reconhecer aquele menino novamente, mas a expressão daquele rosto ficou na minha cabeça...

Aos que não conhecem, vale a pena duas músicas: uma composição de Abdullah que fala sobre paz e outra do Rosa de Saron, "Mais que um mero poema". Agora fico com a primeira e deixo um trecho:

"...é a eterna luta que existe entre o bem e o mal. Uns fazem banquete, outros comem lixo. Que será o homem? Quem será o bicho? Mas que mundo é esse que a gente tá tentando salvar?"

Não sou capaz de salvar o mundo nem quero ter tal responsabilidade, mas penso que sou capaz de salvar um pedaço mínimo. Será que aquele menino tentou salvar o mundo delas? Será que elas estão destruindo o mundo dele? Tenho dúvidas... Quem será o homem? Quem será o bicho? Quem ali pensa? Quem não pensa?
E a eterna luta entre o bem e o mal não cessa... por isso dezembro não é o mês mais lindo e amoroso de todos. Tal mês nem existe... as aparências enganam.. os amigos são ocultos.

Como pretendo voltar a escrever mais vezes por aqui, aqui encerro a sessão do dia.. Tentando ser mais humano e menos bicho para tentar humanizar alguns bichos humanos. Será que essa é promessa que dá certo para o próximo ano ou faz parte do grupo citado lá no início? Veremos..

E para os poucos que leem aqui, bons ventos em 2010. Para os que não leem também. Voltem sempre. A varanda está sempre disposta a acolher quem o vento traz...


Até a próxima.