Li uma matéria no último domingo sobre um tal Rodrigo de Souza Leão, escritor e pintor esquizofrênico morto há quase um ano. Não o conhecia, suas obras, nem tinha ouvido seu nome, confesso. Deixou um livro quase pronto que será lançado agora, nos próximos dias. Achei interessante a matéria, o Rodrigo, sua história e suas obras, mas uma frase dele em especial: “Escrever é uma forma de falar sem ser interrompido”. Nunca tinha parado pra constatar isso. Ele fez. Em um de seus primeiros surtos, ele afirmou que um japonês com uma zarabatana implantou um chip em seu cérebro. Bem, talvez meu chip ainda esteja precisando de alguma atualização para que consiga observar coisas simples como essa. Enquanto isso, escreverei..
Escreverei e pegarei um pequeno trecho desse livro a ser lançado. O autor diz “Eu sofro. Sofro de um sopro de vida”. Quando criei o nome do blog, logo pensei nas duas frases que estão logo abaixo dele, não sei se já repararam. Esses ventos que movem o mundo real, que vem lá de fora aqui pra varanda, podem ser transformados com um vento que sai da varanda e vai lá pra fora. Não creio que tudo deva estar e ser como o vento real manda, ordena. De vez em quando é necessário usarmos o nosso sopro de vida, que muitas vezes nos faz sofrer e outras tantas nos traz alegria, para impulsionar o vento grande. De vez em quando. Era aí que estava querendo chegar desde que li um comentário da Letícia Iambasso no texto anterior, quando ela usou a expressão...
Nem sempre, nem nunca. De vez em quando. Nem hoje, nem amanhã. De vez em quando. Você bebe? De vez em quando. Você ainda pensa nela? De vez em quando. Atualiza o blog?[serve pra Letícia e pra mim, só pra constar] De vez em quando. Assiste futebol? Viaja? Dorme? Discute? Lê? Reza? Vota? Arrota? Acredita? Colhe morangos do nordeste? Toca vuvuzelas? Vive? De vez em quando... Quem nunca usou essa resposta? Peraí.. você já usou? Ah sim.. de vez em quando.. entendo.
De vez em quando seria de dois em dois dias? Quinzenalmente? Mensalmente? De vez em quando é vago... é tempo indefinido. Em alguns casos, é resposta final para conversa. Se diz que bebe sempre, alguém dirá que tem que parar. Se nunca bebe, precisa começar. Mas se bebe de vez em quando, tudo bem... Se viaja sempre, precisa diminuir o ritmo. Se viaja pouco, precisa curtir mais a vida. Se viaja de vez em quando, tudo bem... Parece então que viver de vez em quando é o ideal. Alguém arrisca? É simples... A receita para viver de vez em quando deve ser a seguinte:
Respirar de hora em hora. Amar alguém a cada seis meses. Odiar alguém a cada dois meses. Ter emoções algumas vezes. Cantar alto, mesmo desafinado, só no primeiro domingo de junho. Viver de vez em quando é escolher a melhor data para ser feliz. É abraçar quem te faz bem apenas nos dias 13 de cada mês. É só chorar quando tiver chuva. É só rir quando for primavera. É marcar tempo pra tudo acontecer. Viver de vez em quando, quando der vontade, quando puder, quando sobrar um tempinho. Leitores, esqueçam isso... não vivam de vez em quando, vivam sempre. Ou nunca. Mas de vez em quando?
Permitam-me usar a expressão. De vez em quando eu dou gargalhadas, de vez em quando tenho vontade de chorar, de vez em quando eu canto, de vez em quando eu paro de roer unhas. Mas sempre vivo. Vivo sem esperar viver de vez em quando. Vivo sempre. As emoções surgem de repente, as situações aparecem do nada. Se estiver esperando por elas de vez em quando, pode ser que não esteja preparado.
O vento não bate de vez em quando na varanda. O vento está sempre por aqui. Sempre um sopro de realidade, um sopro na realidade. Um sopro de vida. Ventos fortes, renovados, trazem de tudo um pouco. Mas trazem. Mas se movem. Mas movem. Vivem. Um vendaval dentro de todos nós sempre, seria esse o ideal... o meu ideal. E que seu vento chegue até mim. E que nosso vento chegue até você. Sempre.
Ah, de vez em quando tem copa do mundo de futebol e eleições logo depois. De vez em quando o Brasil ganha. Falo do futebol.
Abraços. Bons ventos.
E vou deixar três links para textos que escrevi enquanto não postava na varanda. Estão no Jornal da Comunidade, “linkado” nos favoritos.
http://jornaldacomunidade.blogspot.com/2010/02/coisas-de-momento.html
http://jornaldacomunidade.blogspot.com/2010/04/coisas-de-momento.html
http://jornaldacomunidade.blogspot.com/2010/05/coisas-de-momento.html
Fred, realmente não tinha visto por esse lado o meu "de vez em quando". rs
ResponderExcluirTemos que viver todos os dias como se fosse o último, como disse um poeta "como se não houvesse amanhã".
Obrigada pelo comentário em meu blog, e vou voltar aqui sempre também. Minha segunda paixão é Ler.
Vou tentar atualizar o blog mais vezes do que "de vez em quando". rs
Abraços a todos!
Minha nossa que milagre, é você tem razão, de vez enquando, mas bem de vez enquando mesmo você escreve. Mas quando escreve heim? Vale por 10 das minhas.rsrs Amei Fred, bela reflexão. Não temos mesmo que ter medo de viver, de sentir, mesmo aquela dor mais doida, mesmo aquele amor mais sofrido, mas viver, até onde precisar, até o fim. E depois, quem sabe o que o amanhã trará? Pra saboriar o meu é preciso ter antes saboreado o féu, é assim que a gente vai crescendo e dando valor a vida. Ah a vida, é coisa de gente grande, mas Deus sabe o que precisamos para vive-la da melhor forma possível, conhece cada espinho, e tem remédio certo para todas as feridas. Então viva la vida!
ResponderExcluirSenhoras e senhores, parem as máquinas! hehe...
ResponderExcluirEle voltou e como bem disse a Marina, que volta hein. Já sei, isso é um truque. Tu deixa tua criatividade inativa por um tempo só acumulando ideias pra qndo vir atualizar aqui fazer isso que fez nesse texto. O que eu posso dizer? GENIAL!
Não tem o que dizer. Não tem mesmo. Tá tudo dito ali. Mas sabe o que eu queria Fred? aproveitando a época de escolha de nossos "representantes", que de vez em quando, tivéssemos um pouco mais de consciência e não elegesse mais certas figurinhas repetidas nesse álbum da política.
Enfim, tem tantas coisas que se acontecessem de vez em quando seria ótimo, mas viver? poxa... "Leitores, não vivam de vez em quando, vivam sempre...", escreveu certa vez um sábio... hehe...
Sobre o sopro...poxa, deixar o "vento real" coordenar nossas ações é esperar que a alguém viva a vida por nós. Ou seja, seria isso o "Nunca" ao qual te referistes na sequência daquela citação ali? hehe...
Isso aí minha gente...como disse o sábio. Vamos viver sempre e assim, vamos alterando um pouco o "Vento real" com o nosso sopro e deixando as emoções nos surpreenderem.
Nossa, que comentário louco, mas foi isso que consegui...hehe..
Abraço do Mr.!