Ligo a tv e troco os canais. Alguns deles chamam atenção. Mostram uma carreata ao melhor estilo campeões do mundo de futebol retornando ao país de origem e aguardam um maravilhoso e grandioso show.
Presenças de Mariah Carey, Stevie Wonder e Michael Jackson.
Michael Jackson? Sim, ele mesmo, embora tenha parado de respirar no último dia 25, quase duas semanas atrás.
Pois bem. Um astro deixa o plano terrestre. Não é o primeiro nem será o último a causar tamanha comoção. Não é o primeiro a ser lembrado pelo clichê "igual a ele nunca vai existir" nem será o último. Sim, ele teve alguma importância para a música e para a dança. Grande ou pequena, teve. Passou e deixou marcas. Marcas na "dancinha que anda pra trás", marcas nos clipes, marcas no Pelourinho, marcas na Terra do Nunca e, de acordo com as polêmicas passadas, o Peter Pan do pop deixou marcas nas crianças. Discutir se é verdade ou deixa de ser não é meu propósito aqui. Minha intenção é apenas dizer que a morte dele nada me comoveu.
Sim, digo sem medo que em nada me comoveu, em nada me chocou. Melhor, algo me chocou em tudo isso sim: quando fiquei sabendo que o velório/tributo/show teria ingressos fiquei realmente chocado. Mas com a morte do ídolo mundial não.
Será que deveria? Será que sou frio? Acho que não...
Ela não era uma estrela internacional da música pop. Nem nacional. Não era uma estrela de filmes. Não ganhou Grammy, não ganhou Oscar, não ganhou discos de ouro. Não tinha uma dança inovadora e clipes extraordinários pra época dela. Não dava autógrafos nem fotógrafos ficavam na sua cola o tempo inteiro. Nunca vi uma matéria no jornal com seu nome. Talvez saiba tão pouco sobre ela quanto sei pelo Michael.
Uma quase tarde de sábado e o celular tocou. Um recado a ser repassado para alguém. Naquele momento sim fiquei chocado. Uma menina, por que não dizer uma criança, virou estrela.
Não houve nenhum show, não foi noticiado, os microfones não perseguiram seus pais em busca de explicações. O médico não apareceu em revista alguma. Mesmo sem holofotes, câmeras e microfones me comoveu muito mais.
Uma menina que virou estrela e um astro que queria sempre ser menino.
Convivi pouco com a tal menina. Ela me ensinou muito depois de virar estrela. O show dela não foi no velório. O show talvez esteja acontecendo dentro de mim até hoje. A menina estrela que fez brilhar realidades que não havia percebido ainda.
A mídia me trouxe o astro. Não me ensinou nada ainda.
E esse vento que bate agora aqui na varanda me faz pensar naquela sem representatividade alguma para o mundo mas que me trouxe um sentimento e naquele que representava muito para o mundo e não me faz sentir nada.
Esse é o vento fantástico. Esse é o show da vida...
O perto e o longe. O grande e o pequeno.
Então é isso.
Te vejo na varanda.
terça-feira, 7 de julho de 2009
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